É o que afirma o pesquisar Renato Tavares do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
As mudanças climáticas podem alterar as cadeias alimentares aquáticas da Amazônia, de acordo com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Renato Tavares. A previsão é que o estudo seja concluído até o primeiro semestre de 2017. As alterações estão sendo mensuradas ao longo de um projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido pelo pesquisador com apoio a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
A pesquisa pretende avaliar os efeitos das mudanças no clima sobre os invertebrados fragmentadores do gênero Phylloicus (Trichoptera: Calamoceratidae), mais frequentes nos igarapés amazônicos e sobre os microrganismos associados às folhas em decomposição. Segundo o pesquisador, os seres invertebrados fragmentadores têm um papel fundamental no meio ambiente amazônico.
“Fragmentadores são animais que se alimentam de folhas, gravetos ou troncos e, assim, cortam esses materiais em pedaços bem pequenos. Tais pedaços podem ser usados como alimento por outros animais que não conseguem se alimentar diretamente das folhas. Eles também são importantes na decomposição da matéria orgânica. As larvas dos fragmentadores podem servir como alimento para peixes, tartarugas e também outros insetos, como a libélula, por exemplo”, explica o pesquisador.
Ele informa que os resultados parciais do estudo indicam que é notório as alterações no tempo de vida dos fragmentadores Phylloicus e a diminuição do consumo de folhas por estes organismos em decorrência das mudanças climáticas. Os resultados parciais do estudo indicam que pode ocorrer uma alteração nas cadeias alimentares aquáticas, devido à diminuição da quantidade e qualidade do alimento disponível para outros organismos.
Efeito nos igarapés
De acordo com Renato Tavares, quando jovens (larvas), os animais fragmentadores são encontrados em igarapés, em locais com floresta preservada na margem, com água calma e muitas folhas. Essas larvas têm corpo frágil e constroem abrigos com pedaços de folhas para se protegerem. Na fase adulta, desenvolvem asas e vivem no ambiente terrestre, entre galhos de árvores próximas ao igarapé onde nasceram.
“As larvas de Phylloicus utilizadas nos experimentos são coletadas em sua maioria nos igarapés da Reserva Ducke, em Manaus. Após a coleta, os experimentos são realizados em laboratório no Inpa, em microcosmos (ambientes em miniatura) que possuem condições controladas de temperatura e gás carbônico. Os microcosmos simulam diferentes cenários previstos para o ano de 2100 resultantes das mudanças climáticas”, explica Tavares.
Fonte: Em Tempo